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A nossa convocatória

  • Frederico Tiago
  • 17 de mai. de 2016
  • 4 min de leitura

Fazendo uma análise geral da convocatória de Fernando Santos, acabo por concluir que o velho hábito dos interesses de terceiros prevalecerem sob a real qualidade ou desempenho dos jogadores se mantém, e isso traduz-se nos vinte e três eleitos.


Contudo, comparando os atuais selecionados com os últimos que Paulo Bento levou para o Mundial, pode concluir-se que Fernando Santos conseguiu trazer jogadores que realmente merecem lá estar, apesar de também ser influenciado por determinadas pressões. Será mais fácil começar sobre estes justos convocados: Rui Patrício, Danilo Pereira, William de Carvalho, Adrien, João Mário, Rafa, Nani, Cristiano Ronaldo, Pepe, Vieirinha e André Gomes. Num tom mais global, estes jogadores merecem a presença no campeonato da Europa pela brilhante época que realizaram, e pela afirmação dos mesmos nos respetivos clubes, reafirmando estatuto já bastante consolidado.

Focando agora no aspeto mais negativo desta convocatória, eis os jogadores que, na minha opinião, não merecem lá estar ou fizeram muito pouco para serem escolhidos.


Eduardo: Por momentos temi pior. Por breves instantes pensei que fosse levar o Beto. Ainda assim, podia ter mesmo sido pior e ter levado Ventura que foi uma das suas apostas absurdas no meio de tanta coisa bem feita. Também não vou aqui dizer que não devia ter levado estes dois últimos só porque sim. Não. Há razões que me levam a pensar assim, começando pela falta de jogos ou pelos 68 golos sofridos numa época. De qualquer forma, é Eduardo que questiono e não nenhum destes dois. A razão pela qual critico a escolha de Eduardo não são os seus números ou minutos jogados, mas sim a sua real qualidade. Aqui falamos de um guarda-redes que está dado por acabado e a única equipa onde se destacou foi no Braga, já há uns bons anos. É por essa razão que defendo a convocatória de Marafona. O ex-jogador do Paços de Ferreira, onde foi uma peça fundamental na primeira volta de Jorge Simão, tendo-se também destacado no Moreirense na passada época e, agora, afirmando-se como um guardião sereno e com qualidade no Braga. Marafona sempre deu provas das suas qualidades enquanto número 1 e como prémio, deveria calçar as luvas e ir ao Europeu. Isto não significa que seja titular, longe disso. Mas um prémio pelo trabalho árduo e boas exibições que apresenta. Seria bom para dar brilho ao campeonato português que, infelizmente, se não se joga num grande então não se é bom o suficiente.



Bruno Alves e Ricardo Carvalho: Se com a idade vem a experiência, então estes dois jogadores são a prova contrária do costume. A idade arrasta, indubitavelmente, perda de capacidade física e isso é mais notório em Ricardo Carvalho. Nota-se, sem margem de dúvida, que já não tem pernas ou capacidade mental para fazer os 90 minutos. Contudo, o desgasto físico da idade pouco ou nada se nota num jogador que a qualidade nunca foi muita. Aliás, a qualidade nunca foi muita para jogar à bola, já para ser lutador tem que chegue. Falo de Bruno Alves. O central que joga na Turquia até se pode desculpar com a idade das suas constantes falhas de posicionamento e faltas absurdas, afirmando que a idade já não o permite fazer melhor, mas a verdade é que nunca permitiu. Com o futebol jovem cada vez mais afirmado e com o destaque de Ricardo Ferreira e Rúben Semedo, não se entende como Fernando Santos arrasta estes dois pesos. Luís Neto também seria uma boa opção, juntamente com André Pinto, sendo que estes dois jogadores reúnem alguma experiência. De qualquer forma, com Pepe e José Fonte com uma idade também avançada, trazer um jogador mais novo para aprender com quem realmente sabe, premiá-lo pelo trabalho e garantir um central para o futuro deveria ser a decisão mais correta. Mesmo mantendo Ricardo Carvalho, que foi um jogador de grande glória, podia suplantar Bruno Alves por Rúben Semedo, permitindo que este recebesse então os ganhos referidos.




Éder – Acho que esta é uma escolha única. Se realizássemos um inquérito em Portugal no qual perguntássemos se Éder deveria ser convocado, então teríamos 98% de nãos, com os restantes 2% vindos de quem tem interesses financeiros no mesmo e do próprio jogador. Nem me vou basear em números estatísticos dos seus jogos pela seleção, ou pelos clubes onde passou. A verdade é que até pode marcar pelo Lille, mas vendo as suas reais qualidades, podemos equiparar Éder a um bloco de cimento, e mesmo assim, o cimento cairia menos vezes quando tentasse dominar a bola. O que destaca Éder de Hugo Almeida é que ao menos o segundo tem alguma distância percorrida durante o jogo. Talvez a sua maior qualidade seja mesmo a sua falta de qualidade. Relaxar os defesas centrais com a sua falta de perigo iminente parece-me uma decisão correta. De qualquer forma, e retomando um tom mais sério, apesar de faltarem soluções de nome à Seleção e da comunicação social dar ênfase apenas a jogadores como Gonçalo Paciência e André Silva- sendo o último uma grande promessa, mas a alto nível com muito para demonstrar-, a verdade é que há um lote mais vasto de jogadores que podem desempenhar esta posição. Podemos começar por Bruno Moreira, o melhor marcador português do campeonato que milita ao serviço do Paços de Ferreira; Hugo Vieira, que festejou o título de campeão na Sérvia com um registo impecável de golos; ou Lucas João e Marco Matias, com provas dadas no futebol português e com uma boa época a seu favor na equipa de Carlos Carvalhal. Realmente, é um fenómeno científico digno de estudo a convocatória de Éder, pois ninguém a compreende. Espero que me cale e marque um derradeiro golo ao cair do pano que faça a Taça vir para Lisboa.



Há certamente mais nomes que levantam dúvidas, como Cédric Soares, Renato Sanches e João Moutinho. O primeiro, face ao número de jogos reduzido e ameaçado com a excelente época de André Almeida; o segundo, pela falta de maturidade e os constantes erros, mesmo acreditando que seja apenas pela lesão de Bernardo Silva; o último, pelo tempo que passou lesionado, mas vale-lhe a experiência.



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