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A realidade de uma Sociedade Bipolar

O comportamento humano, e com ênfase na psicologia e interação com o próximo, engloba diversas dimensões. Uma delas, a empatia, ou, por outras palavras, a estratégia que desenvolvemos para compreender e lidar com os sentimentos de outras pessoas. No entanto, numa sociedade contemporânea tão desenvolvida, tecnológica e inteligente, fomos aprimorando os “falsos gostos do “eu pessoal””.


Doença Mental. O sofrimento de alguém com uma doença mental é, ainda, vivenciado como uma fraqueza nas sombras da sociedade, da família e dos amigos. Aliado a isto, encontra-se um problema persistente: o estigma social. Em que consiste este estigma social? Essencialmente na forma, usualmente errada, como encaramos estes indivíduos. Inconscientemente, geramos um ciclo vicioso, que parte desta inibição social, familiar e profissional em falar sobre a saúde mental e sobre os nossos problemas, tendo, assim, tendência a ser desvalorizada pelo próprio e pelos que o rodeiam. Sendo desvalorizada, é subdiagnosticada, há um menor investimento no tratamento e prevenção que, por sua vez, leva à menor a divulgação e procura sobre o que são as doenças mentais, caindo para segundo plano.


Mas o estigma não provém apenas da falta de informação e divulgação. São precisos vários processos até atingirmos o paraíso em relação a esta temática, pois é evidente o enraizamento da nossa cultura na forma como um doente psiquiátrico é visto pela sociedade. Para muitos, não passa de um ser tóxico e agressivo, que em nada contribui para o bem-estar comunitário. A ideia de que um doente bipolar ou esquizofrénico é uma pessoa incapacitada e louca é um dogma atual. Cientificamente, os dados reforçam o oposto. Os doentes tendem a ser vítimas e não agressores. E é a partir daqui que se gera uma “bola de neve”, um problema consecutivamente maior que, a longo prazo, condiciona um pior estilo de vida e um pior prognóstico da evolução do estado de saúde dos mesmos, culminando no desistir de uma batalha interior pela sobrevivência neste mundo hipócrita e ganancioso.


Paradoxalmente, existe cada vez mais uma maior variedade de tratamentos, sejam eles biológicos ou cognitivo-comportamentaisque, aliados à capacidade diagnóstica elevada, se devia refletir no aumento da qualidade de vida destes doentes e suas famílias. De forma exaustiva, volto a afirmar que os principais “antagonistas” a estes tratamentos continuarão a ser desenvolvidos pela indústria humana: o estigma e o desprezo.


Atualmente, diversas campanhas pretendem afirmar a doença mental como qualquer outra doença. Um destes exemplos foi Michelle Obama, que, através da campanha “Change Direction”, pretende “desestigmatizar” e precaver para determinados sinais de alerta e, em último caso, ajudar quem mais precisa. Segundo a mesma, “nunca sabemos quando este tipo de capacidades nos poderá ser útil”. Porém, em Portugal, não assistimos a estes cenários. Para quando alguém que dê a cara pela doença mental?


E porque tudo isto e muito mais deve ser discutido, é importante que cada um de nós entenda que um pequeno gesto para nós,pode significar o recuperar da esperança para outra pessoa. Cerca de 1 em cada 5 pessoas em Portugal vai sofrer de alguma perturbação mental ao longo da vida. Nunca sabemos quando o “azar nos baterá à porta”, sejamos novos ou velhos, pobres ou ricos.


Metaforicamente falando, se a doença mental se comparasse a uma personagem, esta seria certamente o Joker, do universo DC Comics. Todos o veem, mas ninguém sabe como se chama, ninguém percebe o porquê do que faz, ninguém sabe o que fará.


Nota: Se alguém estiver interessado em conhecer um pouco melhor os números em Portugal, fica aqui um endereço útil para tal: https://www.dgs.pt/portal-da-estatistica-da-saude/diretorio-de-informacao/diretorio-de-informacao/por-serie-883589-pdf.aspx?v=11736b14-73e6-4b34-a8e8-d22502108547


Fonte: The Paris Review

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