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Amália, quis Deus que fosse a maior

  • Tiago Correia
  • 23 de jul. de 2016
  • 3 min de leitura

Todo o ser humano quando nasce deixa a sua obra, o seu legado, uma marca que o distinga dos outros pelo que fez na vida. Seja nas artes, no desporto, na política ou simplesmente junto do seus. Quando nasce uma criança pode dizer-se que os seus pais já deixaram um legado, uma marca da sua presença. E Amália? Até que ponto deixa Amália a sua marca, a sua obra, o seu legado? Será um condão de deus ou uma estranha forma de vida aquilo pelo qual passou ao longo da sua vida?


As respostas nunca serão iguais. Haverá sempre um misto de sensações para responder ou falar sobre Amália. Porque foram muitas as sensações que Amália fez criar em todos nós ao longo de mais de 55 anos de carreira. Com Amália sorrimos, dançámos, vibrámos, chorámos.


Mas no fim de tantas sensações a única resposta dada de forma igual por todos nós foi o calor dos aplausos. A força do bater das palmas do público que a ouvia representa por si só a força do condão de Amália. Nasceu em Portugal e foi, é, e será sempre a maior artista deste povo à beira mar plantado. Porém as ovações que recebeu ao longo da sua carreira não tinham idioma. Esses aplausos eram do tamanho do mundo, isto porque Amália não foi só a maior no seu país. Ou têm duvidas de que se o fado é Património da Humanidade, tal se deve ao que Amália representa na música pelo mundo? Como dizem os grandes admiradores da artista, a mesma nunca pode ser comparada aos outros artistas portugueses da sua geração. Apesar da qualidade da música em Portugal nas décadas de 40 a 70 ser de uma genialidade fora de série, a música de Amália era semelhante à dos grandes mestres da música mundial. Para que os Portugueses saibam, Amália está entre as 10 melhores vozes da história do mundo. A sua equipa é Charles Aznavour, Edith Piaf, Frank Sinatra, Juliette Grecó, Ray Charles e tantos outros. Todos eles representam algo que se chama: intemporalidade.


Vejamos que aquilo que Amália cantou ao longo da sua vida é cantado todos os dias nas casas de Fados, nos grandes palcos. Isto é intemporalidade, isto é deixar uma obra, uma marca. Falar de alguém que faleceu há 17 anos e saber que é reinterpretada todos os dias no país onde cresceu e se fez mulher é por si só a prova maior daquela que foi “a expressão máxima do fado“ como disse muitas vezes o apresentador Filipe Pinto. Hoje é dia de Amália Rodrigues, portanto devia ser Dia do Fado, Dia da Música, Dia do Mistério e até Dia de Portugal! Porque Amália sozinha foi Amália Piedade Rebordão Rodrigues e ao mesmo tempo foi o Fado de todos nós, a Música do Mundo, o mistério da sua Estranha Forma de Vida e um simbolo do nosso Portugal.


Eu sei que o seu dia são todos, porque é intemporal! Mas dum jovem português orgulhoso por ter mestres como a senhora - Parabéns D. AMÁLIA RODRIGUES pelo seu 96º Aniversário.



Alberto Janes escreveu e não se enganou:


Foi Deus

Que deu luz aos olhos

Perfumou as rosas

Deu o oiro ao Sol

E prata ao luar

Foi Deus

Que me pôs no peito

Um rosário de penas

Que vou desfiando

E choro a cantar


E pôs as estrelas no céu

E fez o espaço sem fim

Deu luto as andorinhas

Ai, deu-me esta voz a mim



Amália, foi Deus que quis que fosse a maior. E Camões agradece-lhe. Porque foi a primeira com a coragem de cantar os seus poemas.



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