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Daesh: O poder da propaganda

  • Andreia Faria
  • 26 de jul. de 2016
  • 3 min de leitura

O Daesh reivindica o ataque a um comboio na Alemanha, o ataque em Nice e em Orlando, a responsabilidade nas ações do atirador em Munique, o atentado em Bagdade, em Cabul e a morte de cinco jornalistas na Síria também. O Daesh reivindica o golpe de Estado na Turquia, a criação do jogo Pokemon Go e o golo de Éder, que tornou Portugal campeão da Europa em futebol. Reivindica também o furo no pneu do meu carro que tive na semana passada e o jantar que queimei ontem à noite.


Não nos deixemos enganar. Há um nítido aproveitamento desta organização em relação a tudo o que acontece ao nosso redor para criar um clima de terror, mesmo que os atos não tenham sido perpetuados por militantes ou “associados” desta organização mas sim por lobos solitários com as suas próprias “razões”. E a verdade é que há uma forte conivência da comunicação social, das autoridades e até dos órgãos políticos que permitem esta mesma ligação do Daesh a todos os atentados ou ataques que têm surgido nos últimos tempos. Estas reivindicações constantes tem um único propósito: gerar insegurança, receio e inquietação. Esta organização combate-nos a todos nós através da difusão do medo, com base na eficiência de uma imagem implacável que conseguiu universalizar. Divulgamos e consumimos de forma premeditada a propaganda gráfica do terror e alimentamos um produto que foi concebido para nos destruir e nos amedrontar. Esta é uma organização que existe primordialmente para nos desmoronar e nós não podemos estar sempre a promovê-la dando-lhe constante crédito. E refiro-me a esta organização como Daesh e não ISIS, porque considero que não podemos também reconhecer-lhe este estatuto de Estado omnipresente e omnipotente, até porque não estamos a falar sequer de um Estado oficialmente implementado. Não há qualquer tipo de estatuto do ponto de vista jurídico-político, nem de representação religiosa islâmica, porque vistas bem as coisas, não é possível aceitar que esta organização corporize uma associação de pessoas extremistas que apenas querem lançar o terror.


E o Daesh só cresce por um único motivo: o poder da propaganda. À medida que os dias passam, ganha cada vez mais apoiantes e vai crescendo com base na premissa de que qualquer ataque é da sua responsabilidade e que têm poder. Talvez devêssemos averiguar e apurar responsabilidades antes de continuarmos a alimentar esta máquina, que criou um dos problemas mais preocupantes da nossa sociedade: o terrorismo. Quanto à Europa e pensando nos ataques que aqui nos têm afetado, estes estão a ser dados de mão beijada. O nosso continente está, a meu ver, a perder o seu rumo, pois nesta confusão constante, de ataques país a país, não se consegue entender, e muito menos se tenta fazê-lo, os mais elementares conceitos de união. Conceitos estes que, à medida que a Europa vai sendo atacada, são cada vez mais esquecidos, pois só se sabe atirar culpas. No fundo, a responsabilidade não sabemos a quem pertence, mas é possível começar a perceber que o maior atentado e a maior bomba-relógio, a que vai ser mais difícil de controlar, é o Homem em si e este pensamento que está a ser espalhado de que a violência é a única solução e de que um ataque tem que ser respondido com outro logo de seguida. O que diria Camões, nacionalista e orgulhosamente português, sobre os extremismos que vemos cada vez mais patentes na nossa sociedade?





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