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Noite: Passe livre-acesso

  • Ana Catarina Cabrito
  • 16 de ago. de 2016
  • 3 min de leitura

É do conhecimento geral que é na noite que os jovens encontram a sua fonte de diversão. Contudo, esses jovens estão a tornar-se cada vez mais novos, e os lugares que eram frequentados por adolescentes e pré-adultos são, atualmente, frequentados por pré-adolescentes.


Os locais onde só é permitida a entrada a maiores de 16 anos são invadidos por rapazes e raparigas na casa dos 14 ou 15 anos. Entram nos bares e discotecas com Cartões de Cidadão falsificados dos quais ninguém desconfia, porque olhando para a sua indumentária ninguém lhes daria menos de 18 anos. E quem não tem um Cartão falso? Entra na mesma. Através do clássico “amigo do amigo”. Bebe e fuma sem qualquer entrave por ser menor, pois no seu grupo há sempre alguém maior de idade que compra bebida e tabaco para todos.


Esta é uma situação cada vez mais frequente e que deve, sem dúvida, preocupar todos. Estas crianças estão expostas aos perigos da noite. Desde os “falsos amigos”, que as abandonam no meio da pista de dança quando consideram que ela/ele “já bebeu demais”, até às possíveis aproximações de pessoas que, aparentemente querem ajudar, mas no fundo só têm más intenções. A verdade é que, há uma razão para só se ser maior de idade a partir dos 18 anos, só se poder entrar num certo sítio a partir dos 16 anos. Porém estas crianças estão tão desejosas de crescer e querem tanto ser socialmente aceites que não têm consciência dos perigos pelos quais passam.


Desde quando é que o “socialmente aceite” passou a ser definido pela quantidade de bebidas alcoólicas que conseguimos ingerir numa só noite? E quando é que esta geração precoce demais começou a existir? Desde quando é que os cigarros de chocolate foram substituídos por cigarros de verdade? E os saltos altos da nossa mãe, que usávamos às escondidas, são utilizados na rua? Tenho de admitir que esta geração rebelde me assusta.


Num mundo em que os pais cada vez menos querem saber dos filhos que têm e só desejam que eles não lhes deem muito trabalho, há uma intensificação da negligência parental. Preferem deixar os seus filhos ir para a noite ao invés de lhes dizer que não. Preferem dar um tablet ou um smartphone para as mãos dos bebés ao invés de brincarem com eles. Mas, ser pai ou mãe, não é isto. Não é permitir todo o tipo de atitudes ou negligenciar a sua educação. Tem de existir uma mudança de mentalidades ou este problema social vai ter cada vez mais repercussões nos adultos do futuro. Esta sociedade é incompreensível: dar uma palmada a um miúdo de 5 anos é inaceitável, mas permitir outro de 14 anos a beber álcool já não é assim tão mau.


Ingerir bebidas alcoólicas ou drogas durante a adolescência compromete o desenvolvimento do cérebro, podendo existir consequências graves nas áreas destinadas à aprendizagem ou da memória. Há estudos que demonstram que os toxicodependentes e os alcoólicos começaram a ingerir essas substâncias em idades muito jovens, acabando por fazer desse hábito uma rotina.


Há uma idade para tudo, uma altura para tudo. Se todos nós, todos mesmo, conseguimos perceber isso, o mundo, ou pelo menos a noite, seria um lugar melhor. Não há que ter pressa em crescer, em atingir os 18 ou os 20, a beleza de cada idade está na idade que se tem. Se as miúdas de 14 anos metem no seu Instagram a descrição “um dia de cada vez”, porque é que não têm realmente esse pensamento de aproveitar o presente e não apressar o futuro?


Acho que se Camões olhasse para estes jovens iria chamar-nos “geração perdida” ao ver que as antigas brincadeiras das escondidas ou da apanhada, deram lugar a fumar às escondidas dos pais e a apanhar a maior bebedeira possível.



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