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O Novo Zeitgeist

  • João Seixo
  • 22 de ago. de 2016
  • 2 min de leitura

Vivemos numa altura conturbada. Conturbada não no sentido em que o mundo degenerou para uma condição disforme ainda mais proeminente, mas sim no sentido em que sabemos o que acontece e é nos impossível negar ou esconder isso.


A sociedade, tal como li muito bem em alguns artigos aqui publicados e noutros locais, está construída e assente na premissa da escravidão e da subserviência. Até costumo rir-me quando comento que preferia a antiga escravidão na qual não tinha dinheiro mas tinha comida e dormida. O que é que acontece agora? Estamos presos por dívida eterna, pela necessidade de comer, de ter saúde – todas ligadas intimamente ao dinheiro. E ninguém como os jovens para o sentir isso na pele já que os mais velhos passaram pelo período de experiência do paradigma antigo e ainda conseguiram garantir alguns direitos e passar por experiências mais positivas que aquelas que aparentam ser o nosso futuro.


Embora não tanto pronunciado nos países mediterrâneos com ditaduras nos anos 70, a europa a seguir à segunda guerra mundial passou por um período muito interessante. Os baby-boomers tiveram a missão especial de levar este mundo para a frente e durante muito tempo conseguiram manter o modelo socialista vivo e realmente as liberdades e as possibilidades cresceram. Porém com isso a ganância. Neste últimos trinta anos sentimos na pele o aumento deste neo-liberalismo e de todas as suas consequências – Os fracassos económicos na Argentina e Grécia por cortesia do FMI e a destruição do tecido social gradualmente em todo o mundo ocidental.


Do outro lado da moeda porém, vimos uma total manipulação das massas. Aplicando o modelo de Miami, as grandes manifestações foram controladas e uma inteira geração nasceu sobre a alçada do sonho europeu e americano apenas para ver as suas esperanças quebradas quando chegou à idade adulta no epicentro da crise financeira de 2009. Foi o derrocar da coisa. O princípio do fim. O prometido soar das trompetas de Gabriel.


Ocupámos Manhattan. Organizamos a Primavera Árabe. Recusámos a tirania europeia na Islândia. E agora? Durante estes seis anos perdemos liberdades pessoais, direitos soberanos, vimos o terrorismo crescer, descobrimos a realidade do que aconteceu no Médio Oriente e acordámos. Somos todos Snowden. Somos todos Assange. Todos temos dentro de nós aquele bicho a gritar, acorda, o Orwell tinha razão. É agora ou nunca, não transformes o teu futuro num 1984.


É o despertar do novo Zeitgeist, do novo espírito do século. O ressurgir dos anarquismos com a vertente utópica. Os novos movimentos grassroots, toda a história de Rojava e da luta dos Curdos pelos direitos das mulheres. Quiseram-nos adormecer? Acordaram-nos. Vemos um sistema financeiro perto do colapso, grandes potências a correrem para os armamentos e cada vez mais vozes que se levantam, que encontram em mártires a força para clamarem o que realmente sentem no fundo do seu coração.


Não sei que forças nos restam. Mas iremos navegar para além da Taprobana nesta luta. Enfrentaremos o Adamastor que é o paradigma que as elites nos infligiram e incutiram. E iremos vencer. Talvez agora Camões tivesse fé nesta gente que quer levar a humanidade a um novo patamar.


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