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Frank Ocean dá-nos "Blonde" com 2 anos de atraso

Após o universalmente aclamado channel ORANGE, eis que Frank Ocean finalmente lança o seu tão aguardado segundo álbum. Para quem não conhece, Frank Ocean é um cantor que tem início de carreira em 2009, quando entra no super-grupo de hip hop Odd Future com alguns nomes agora sonantes como Tyler the Creator e Earl Sweatshirt. Em 2011 lança a primeira mixtape, Nostalgia, Ultra, que recebe muitos elogios da crítica e que lança Frank Ocean para a ribalta do RnB. E capitaliza, dando-nos o, como já disse, universalmente aclamado channel ORANGE. E depois de muito tempo de espera (mais de 2 anos a adiar), eis que finalmente nos apresenta o seu 2º álbum de estúdio, Blonde.


Outro álbum conceptual, como se estaria à espera, mas que nada tem a ver com channel ORANGE. No novo álbum, Frank aborda os seus problemas de uma forma mais pessoal, com uma produção mais complexa e com uma escrita subtil, misteriosa e profunda, ou seja liricamente excelente como é hábito de Frank Ocean.

Então irei abordar as músicas deste projeto, uma a uma, tal como Blonde merece:


  • Nikes: O álbum abre com algo tão inesperado, tão diferente mas tão bem feito que sabe-se logo que este projeto não irá desapontar. Apesar de não adorar a versão que foi lançada para o vídeo desta música, devido à voz muito aguda que é utilizada para grande parte da música. Contudo, é essa mesma voz que me faz adorar a versão do álbum desta música. A letra presta homenagem a Trayvon Martin, o adolescente afro-americano de 17 anos que foi morto a tiro por um polícia (“RIP Trayvon, that nigga look just like me”);

  • Ivy: Acredito que esta música andará pelas rádios urbanas norte-americanas, caso seja lançada como single. Um belo flow com uma história muito emocional que nos é suportada por um refrão poderoso e uma guitarra que nos dá um sabor de música indie;

  • Pink + White: Possivelmente a única música do álbum que podia estar no channel ORANGE. Acredito que esta tenha sido das músicas deste álbum que foram escritas depois de channel ORANGE ser lançado. O título da música é dedicado a uma rapariga com quem teve uma experiência com cocaína (Pink + White = Vagina e Cocaína). Existe uma colaboração com Beyonce nesta música na parte final e a produção de Pharell Williams está muito bem conseguida, especialmente com o piano e a guitarra acústica a meio da música é simplesmente perfeito. Grande trabalho de Pharell Williams;

  • Be Yourself: Um pequeno skit em que ouvimos mãe de Frank a fazer o seu papel como progenitora e a dizer a Frank, antes deste ir para a universidade, para se afastar de álcool e drogas. Questiono-me se será mesmo mãe de Frank no skit, tal como acontece no skit Not Just Money de channel ORANGE em que era a mãe de um amigo de Frank;

  • Solo: Uma das melhores músicas do álbum. Grande flow numa música onde fala sobre ser deixado por uma pessoa especial na vida dele e ter de continuar a vida a solo. O instrumental com o orgão de igreja é de outro mundo tal como se pode dizer da voz de Frank nesta melodia;

  • Skyline To: A bateria nesta música acrescenta bastante, tal como a voz de Kendrick Lamar a acompanhar Frank Ocean. Uma espécie de música de transição mas muito profunda e que nos deixa no estado de espírito perfeito para chegarmos à melhor música do álbum;

  • Self Control: Melhor música do álbum e provavelmente melhor música do ano.Simplesmente perfeita. As lines iniciais são incríveis (“I'll be the boyfriend in your wet dreams tonight”), vai progredindo magicamente até ao refrão de Austin Feinstein (onde o rapper sueco Yung Lean também conta com uma participação). O final com uma voz muito grave acaba a música de forma incrível. Obrigado Frank, acabaste de aperfeiçoar o RnB contemporâneo;

  • Good Guy: Não tenho nada de especial a dizer sobre isto, tem 1 minuto mas dá-nos uma introdução para a música seguinte. Frank Ocean vai num encontro com alguém que não conhece, apenas têm um amigo em comum e apesar de Frank ir com intenções de uma relação séria, a outra pessoa apenas procura uma relação casual durante esta noite;

  • Nights: Clássico. Esta música é simplesmente um clássico e outra das músicas que espero que seja lançada como single e seja hit nas rádios urbanas norte-americanas. O que Frank Ocean faz nesta música é utilizar a música anterior como introdução para esta. Com uma primeira parte de rap, a música faz uma transição para a segunda parte, com uma batida muito misteriosa de RnB. De realçar a transição entre essas partes que está muito bem conseguida;

  • Solo (Reprise): Frank dá a oportunidade de brilhar a um dos melhores rappers de sempre, Andre 3000. E ele, como seria de esperar, dá-nos um dos melhores versos do ano;

  • Pretty Sweet: Baixem o volume ao chegar a esta música se estiverem de fones. O início é extremamente alto e é das músicas que menos gosto neste projeto. Muito intensa e não me parece adequada ao álbum;

  • Facebook Story: Este skit é hilariante porque parece uma situação tão estúpida mas acho que podemos concordar que é algo que pode acontecer a qualquer um. Bela pausa da intensidade do álbum com algo muito interessante;

  • Close to You: Mais uma música bastante pequena que é um remix do cover de Stevie Wonder da música Close to You dos The Carpenters. Aqui, Frank Ocean utiliza uma nova tecnologia chamada Prismizer para modificar a sua voz. Se esta música tivesse 5 minutos, tenho a certeza que seria uma das melhores deste projeto;

  • White Ferrari: Sente-se Frank Ocean ao máximo aqui. A transição do sintetizador para a guitarra acústica é muito suave, adorei. Esta música vai-se tornando cada vez melhor à medida que vai progredindo. Gostava de saber o que inspirou Frank a escrever isto porque tenho a certeza que é algo tão interessante como esta música;

  • Seigfried: Seigfried é um guerreiro na mitologica nórdica. Na história, Seigfried mata o dragão e fica com a princesa Brünnhilde. Seigfried é considerado o arquétipo de coragem. Frank, nesta música, contradiz a lenda de Seigfried achando que o que acredita e o que é, não é propriamente um sinal da coragem tipicamente masculina. O que ele faz é falar da sua bisexualidade, ou seja algo que não é visto como muito masculino;

  • Godspeed: O início disto é muito bom, liricamente fantástico e nota-se um retorno do órgão da igreja, o que faz sentido tendo em conta o nome da música. Frank Ocean falou sobre esta música e disse que é sobre o momento mais feliz da sua juventude e que apesar dos rapazes chorarem, ele raramente se viu nessa situação durante esses anos da sua adolescência;

  • Futura Free: Aqui estamos, na última música de Blonde. Ótima forma de fechar o projeto, dá-nos mesmo uma sensação de final. Com versos muito fortes onde ele fala sobre a sua prórpria mortalidade (“I'm just a guy I'm not a god/Sometimes I feel like I'm a god but I'm not a god”) e sobre a pressão de ser famoso, referindo o falecido Tupac Shakur (“They tryna find 2Pac/ Don't let 'em find 2Pac/ He evade the press/ He escape the stress”). Após os versos, o álbum acaba com um interlúdio onde ouvimos uma entrevista de Frank e do seu irmão quando este tinha apenas 11 anos.


Parece que a espera valeu a pena e Frank Ocean deu-nos um dos melhores projetos da década e quem sabe do século. É um álbum que merece ser ouvido várias vezes para interiorizarmos o seu valor. Blonde é um álbum com cabeça, tronco e membros e que nos dá uma visão priveligiada na vida de um dos melhores artistas de RnB de sempre e que ao fazé-lo mostra-nos o seu lado mais filosófico e com espaço para as critícas à nossa sociedade. Este projeto está tão bem pensado, tão coeso com uma produção tão arrojada, liricamente tão perfeito. Melhor álbum do ano, na minha opinião e os únicos que rivalizam com este são The Life of Pablo de Kanye West e A Moon Shaped Pool de Radiohead.


Em breve o álbum vai estar disponível abaixo, a partir da plataforma Spotify.


Nota do Camões: 10/10


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