Violentamente mudaram-se os tempos e as vontades
- Ana Paula Tavares
- 30 de ago. de 2016
- 2 min de leitura
Violência. Uma das palavras mais repetidas em todos os noticiários.
Mais uma notícia a abrir o noticiário: “Jovem de 14 anos morre depois ser violentamente espancado”. Repito: 14 anos. Espancando por quem? Por outro jovem somente três anos mais velho. Espancado porquê? Segundo fontes, ciúmes. Espancando por ciúmes de quem? De uma rapariga com 13 anos. Conclusão: uma disputa por uma rapariga, com comentários e trocas de acusações no Facebook, determinou a morte de um rapaz de 14 anos (!) pelas mãos (!) de um outro com 17 anos (!).
O que poderemos esperar de uma população na qual em apenas uma semana, existiram duas agressões violentas cometidas por adolescentes que levaram dois jovens para uma cama de hospital, entre a vida e a morte? É importante refletir sobre como estamos a educar os jovens de hoje em dia. Que valores lhes passamos. Que objetivos lhes transmitimos. Estes casos já não acontecem apenas em famílias destruturadas, sem posses para proporcionar uma educação (escolar) como deve de ser. É importante refletir que os jovens de hoje em dia serão os adultos daqui a uns anos mais tarde. São estes jovens sem valores, sem objetivos, sem amor, sem presença, sem educação, que estarão a viver no nosso país, a trabalhar para o nosso país e a conviver com os nossos. São estes jovens que mais tarde iremos ver a abrir noticiários com títulos “Homem mata esposa e de seguida suicida-se”. Esse título que tanto nos é familiar – diga-se de passagem que ainda ontem foi publicado – não vai desaparecer se não houver educação. A educação não é apenas escolar, é também moral e familiar. É de casa que vêm os exemplos. Obviamente, que as duas têm de ser conjugadas na sua plenitude. Mas não se pode deixar crescer desequilíbrios emocionais que cheguem a um nível em que jovens matam outros jovens por amores passageiros! Por comentários desagradáveis! Por assuntos que não merecem tamanha consequência! Onde estão os valores de respeito, fraternidade, amor ao próximo?
É necessário e urgente que se debatam estas questões, que se invistam nos jovens, que lhes sejam proporcionadas oportunidades que possam dar frutos a longo prazo. Afinal, é a nossa juventude, a nossa população, que está em causa. Temos de aprender com as consequências e não deixar arrastar esta situação. Não incitar à violência mas sim à interajuda, à amizade, ao respeito. São valores básicos para a convivência em sociedade que não podem ser descurados. Pensemos a longo prazo. E conseguiremos alterar mentalidades, sem que a violência seja a primeira resposta, mas sim que nem seja opção. “A violência será sempre a força dos fracos!” Mas a violência não é sinal de força.
O que diria Camões diante desta atualidade agressiva? Certamente “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, / Muda-se o ser, muda-se a confiança (…)“. Palavras sábias.

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