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Não nos obriguem a estereotipar uma profissão

Creio que mesmo se não olhassem para a imagem entenderiam, pelo título, que a seguinte crónica se dirige aos taxistas que ontem fizeram um enorme ato de selvajaria na Rotunda do Relógio, em Lisboa. Manifestação? Não. Selvajaria mesmo.


Então, houve um protesto contra o serviço oferecido pela Uber. Muitos taxistas defendem que o serviço é ilegal mas parece claro que não é ilegal. É apenas uma alternativa, tal como os motores de busca na internet (Google, Yahoo...) são uma alternativa às bibliotecas. E pronto, parece que um grupo de 15 ou 20 taxistas (não os contei, se calhar eram 18 ou 22) vandalizaram um carro da Uber que saia do aeroporto, batendo-lhe nas portas, abanando-o violentamente e partindo o vidro traseiro (pelo menos, não vi os outros, mas se calhar foram mais).


Ora, a maioria de nós, infelizmente mas quase sem opção, já estereotipa os taxistas por, na sua generalidade, demorarem cerca de 2 horas e 47 minutos a ir dos 0 aos 100km numa reta nas Ilhas Desertas com 2km de comprimento. Calma, isto sou eu a exagerar, claramente. Mas pronto, eles fazem com que uma corrida de táxi demore mais do que é suposto porque “a vida não ‘tá fácil para ninguém, chefe”. Eles dizem esta expressão muita vez e prosseguem com um: “viu ontem o Benfica?”. Sim, estou a estereotipar. O ponto essencial é que, na sua generalidade, os taxistas tentam ganhar dinheiro de forma pouco ética, conduzindo lentamente e por caminhos mais longos. Como se isso não chegasse, aconteceu ontem o que descrevi no parágrafo anterior.


Porém, existe um taxista chamado Jorge Máximo. Benfiquista ferrenho tal como eu. E talvez amante de humor negro, tal como eu. Ou amante de humor negro ou um pulha sexista (tomem nota, que agora a expressão está a ser bem utilizada, pseudo-feministas). “Pulha sexista” porque proferiu a frase: “dizem que as leis são para se cumprir, mas as leis são como as meninas virgens... são para ser violadas”. Claramente uma frase ao nível de Camões (ironia).


Vamos lá ver. Eu gosto de humor negro. Mas não creio que isto o seja. Parece-me o emprego de uma expressão de tasca e que deveria ter ficado aí mesmo para evitar males maiores. Porque com a expressão a tornar-se viral, parece-me normal que agora as mulheres (sobretudo) se sintam ameaçadas ao andar de táxi. Algo que não deveria acontecer. Mesmo que seja uma expressão apenas, há que haver um filtro de bom senso.


Seja como for, há que salientar que nem todos os taxistas são “labregos” e “mal-formados”. Mas a amostra a que temos tido acesso leva-nos a crer que sim. Tal como nos levam, quase inadvertidamente, a escolher um lado: o da Uber. Mesmo quem esteja menos informado sobre o assunto e que nunca tenha pedido os serviços da Uber escolhe apoiar o seu lado por antipatia para com os taxistas.



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