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O Dia em que O Mundo Perdeu

  • João Seixo
  • 10 de nov. de 2016
  • 2 min de leitura

9 de Novembro de 2016. Mais um histórico dia num histórico ano. Não sei o que dizer. Donald J. Trump é eleito o 45º Presidente dos EUA após uma renhida competição contra a candidata democrata Hillary Clinton.


É histórico e sem precedentes. Mas não vou investir na tradicional crítica ao Trump. Vou um bocado mais longe e vou aos motivos. É preciso perceber o que se passa na sociedade americana para se compreender donde vem isto tudo. Não é todos os dias que um candidato, que se pode considerar antissistema, ganha as eleições americanas. Mais ainda, é nomeado candidato Republicano quando ele próprio admite que não se identifica totalmente com os preceitos Republicanos.


Donde vem isto tudo? Acho que a resposta mais simples é as divisões dentro da sociedade americana. E essas divisões não podem nem devem ser subestimadas. Foram essas divisões que permitiram, através dum discurso não ortodoxo, que Trump assegurasse a sua nomeação e, no fim, a sua eleição.


Pondo os pontos nos is, o que temos? Não é bem um candidato xenófobo e sexista, embora essas sejam “virtudes” suas, correto, mas sim um candidato que se alimenta de sentimentos marginais por parte duma crescente parte da sociedade americana. Mas como esta margem “radical” pode ganhar? A questão também é fácil de resolver. O próprio Stiglitz no seu livro “O Preço da Desigualdade” aborda questões críticas que, no meu entendimento, se pronunciaram bastante nestas eleições e contribuíram para a insanidade que se anda a passar na América.


A crescente desigualdade, a estagnação do crescimento dos rendimentos da classe média desde os tempos do Reagan, o crescimento exponencial dos rendimentos dos 1% após a crise financeira de 2008, a marginalização das classes mais pobres, a menor igualdade de oportunidades e o próprio ataque à “identidade” americana (Cultura das armas, racismo, homofobia, entre outros); contribuíram para este resultado. Estamos com isto a falar duma vaga de refluxo cada vez mais vincada e, para minha grande preocupação, presente dentro do seio dos países que compõem a OCDE também.


Essa vaga de refluxo está presente na França com a Marine Le Pen, na Hungria com o Viktor Orbán, no Reino Unido com o Nigel Farage e toda a brincadeira do David Cameron com o Brexit, na Turquia com o Sultão Erdogan e, por fim, com o Trump na América.


Este é o dia em que o mundo perdeu. E assim seria se a Hillary Clinton tivesse ganho. O que temos agora é um populista que deu luz verde ao terrorismo interno de supremacia racial em vez duma senhora da guerra que seria responsável por mais umas centenas de milhares de mortos no Médio Oriente e milhões de refugiados na Europa.


Estamos no bom caminho, 2016 está sinceramente a ser um ano muito positivo para humanidade, não haja sombra de dúvidas. Enfim, não sei o que nos espera 2017. Só que rezo para estar enganado em relação a umas apostas que fiz sobre o que pode ou não acontecer a nível de conflitos internacionais. Até agora não errei. Apostei os meus cavalos no avançar do Brexit e na eleição do Trump. E afinal o que aconteceu?

Vamos a ver vamos.



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