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Não coloquem mais Palhinha na fogueira

  • André Dinis
  • 6 de fev. de 2017
  • 3 min de leitura

Já com as poeiras do clássico bem assentes, é tempo de fazer as normais e já habituais análises daquilo que foi o jogo. Como seria de esperar, e seria estranho se não o fosse, a “desmontagem” do jogo propriamente dita já foi, mais que uma vez, realizada pelos especialistas. Não há muito mais que se possa acrescentar àquilo que já foi dito.


Portanto, um FC Porto a entrar bem no jogo e a marcar o seu primeiro golo muito cedo por intermédio do seu reforço de inverno Tiquinho Soares após um erro clamoroso da defesa verde e branca. À frente no marcador, os azuis e brancos baixaram as linhas, obrigando a equipa de alvalade a correr atrás do prejuízo. A falta de qualidade de alguns elementos ligada à imaturidade de outros viria a resultar no segundo golo da conta de Soares e do FC Porto.

Na segunda parte, o Sporting ganhou muito com a entrada de Alan Ruiz no jogo. A melhor prova disso foi o golo do argentino que permitiu ao Sporting reduzir para 2-1, resultado que viria a ser o final.

Para além de Tiquinho Soares, este jogo teve outra grande figura: Iker Casillas. Apesar de ter sido mal batido no golo do Sporting, o guarda-redes espanhol foi nuclear na vitória dos dragões com várias defesas inacreditáveis.

Mas vamos diretos ao tema deste artigo… No final da partida, Jorge Jesus, nas comuns entrevistas após o jogo, afirmou que João Palhinha “não levou o guião certo” para o jogo e que o jovem médio de 21 anos se “perdeu durante meia hora”.

Todos nós sabemos que não deverá ser fácil substituir e oferecer tanto à equipa como William Carvalho, mas será Palhinha merecedor deste tipo de comentário em praça pública por parte do seu treinador?

Coloquemo-nos agora no lugar deste jovem, com toda a pressão de substituir um campeão europeu castigado, com um Sporting a precisar de pontos para alcançar os rivais e os lugares cimeiros da tabela, com toda a pressão proveniente da numerosa massa associativa sportinguista, num clássico frente ao FC Porto perante um Estádio do Dragão repleto com cerca de 50 mil pessoas. Não me parece ser um “passeio no parque”.


Jorge Jesus é um fantástico treinador, ninguém o pode questionar ou contradizer, o seu currículo e palmarés falam por si. No entanto existem algumas coisas na sua gestão e na sua personalidade que deixam um pouco a desejar.

Um dos maiores fantasmas da carreira de Jesus são as apostas na formação dos clubes que tem representado. Já no Benfica houveram vários casos em que o técnico preferiu comprar lá fora do que trabalhar com jovens atletas do clube. Foram vários os jovens e talentosos jogadores que foram obrigados a seguir as suas carreiras além-fronteiras. Bernardo Silva, João Cancelo, Ivan Cavaleiro, entre outros.

Antes de assinar pelo Sporting, Jesus já sabia que tinha de adaptar algo na sua forma de gerir os ativos. A formação, o desenvolvimento e o lançamento de jovens jogadores portugueses são símbolo e tradição do clube, basta olharmos para as convocatórias de Fernando Santos e vermos os atletas que nelas constam e de onde provêm.


Jorge Jesus raramente assume os seus erros, um clube histórico e centenário como o Sporting Clube de Portugal merece dirigentes que o honrem e dignifiquem, não aqueles que fogem às responsabilidades e que arranjem bodes expiatórios sempre que as coisas correm mal. No final de contas, de quem foi a opção de colocar Palhinha em campo, de colocar um jovem com 1 minuto jogado na liga a titular (Matheus Pereira), de posicionar Bryan Ruiz atrás de Bas Dost, posição onde está mais que provado que o jogador não rende, apostar em Marvin Zeegelaar que tem demonstrado tão pouco.

Depois disto tudo, vem-se falar em Palhinha que, comparado a outros, talvez nem tenha estado tão mal como se quer fazer parecer.


Com todos os problemas que o clube tem, não há necessidade de se arranjar aqui outro.

Por isso, o jogador que já veio a reagir nas redes sociais afirmando que compreende a mensagem de Jesus e que continuará a trabalhar para crescer como jogador, soube lidar com esta situação da melhor maneira, mostrando grande maturidade.

Tenho uma grande vontade de ver, não só João Palhinha, como todos os jovens jogadores portugueses a triunfar, quer sejam do FC Porto, Benfica, Sporting, Vitória de Setúbal, Arouca, e por aí adiante. Temos de defender os nossos jovens, apoiá-los, criar condições propícias à sua evolução. Não é a criticá-los destrutivamente e a atirá-los às feras que os estamos a ajudar a crescer.


Não tenho a mínima dúvida que Palhinha voltará mais forte e que iremos ouvir falar muito, e bem deste jovem jogador.


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