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Ensaio sobre o dia de S. Valentim

  • Luís Valente
  • 14 de fev. de 2017
  • 3 min de leitura

Todos os anos chegamos a fevereiro e a tradição repete-se, como se fosse um ritual, o tão aguardado dia dos namorados ou dia de S. Valentim.


Um dia em que se celebra o sentimento que une dois seres humanos que nutrem um amor incompreensível aos olhos comuns e que apenas é compreendido por quem encontrou a sua cara metade, ou pelo menos tem alguém de quem gosta (minimamente) e em que há o costume de oferecer algo que demonstre o que se sente por essa pessoa tão especial na nossa vida.


A origem histórica deste dia remete para os tempos do império romano, em que reinava o imperador Cláudio, que aboliu completamente os casamentos no império com o objetivo de que os homens apenas combatessem na guerra e não procriassem ou tivessem famílias, isto não tem muita lógica é que sem “renovação de gerações” não se fazem novos homens para o exército, mas tudo bem o Cláudio lá sabia o que fazia.


Foi então que surgiu Valentim, um sacerdote que se opunha à decisão de Cláudio e que possivelmente se revia naqueles homens do exército que não podiam ter família ou filhos…

Valentim tomou a decisão de realizar casamentos às escondidas, sem que o imperador Cláudio tivesse conhecimento.


Um dia correu mal, Valentim foi capturado e encarcerado nas masmorras, admirado por muitos por ter contribuído na vida de tantos e tantas, recebia visitas regularmente através das grades do seu exilio e eram-lhe oferecidas flores, mensagens entre outras lembranças, enquanto Valentim aguardava pelo dia da sua execução.


Entre os visitantes encontrava-se a filha do seu carrasco, o homem que iria acabar por lhe tirar a vida.


A jovem e Valentim trocavam mensagens e passavam horas a fio a conversar e este afeiçoou-se à sua companhia, acabando por ficar apaixonado.


No leito da sua morte Valentim deixou uma carta de despedida à sua amada, agradecendo pela sua companhia e amizade, nunca revelando o que realmente sentia.


Foi a partir de 14 de fevereiro de 269, data da sua morte, que se iniciou o costume de trocar mensagens e oferecer presentes em homenagem a S. Valentim, o homem que deu a vida pela felicidade dos outros.


E eu pergunto-me o que é que isto tem a haver com o que se passa hoje em dia?


O que vemos nos tempos atuais é uma celebração, não do amor propriamente dito, mas sim do consumismo, claro que não são todos, é preciso que se note, mas falo da grande maioria, para muitos este dia é apenas visto como um lembrete no telemóvel em que não nos podemos esquecer de comprar uma prenda à última da hora ou preparar algo que vá de encontro aos desejos do nosso parceiro.


Hoje quem ganha com o Dia de S. Valentim é o setor da restauração que disponibiliza promoções aliciantes em hotéis e restaurantes e que cativam os casais, a despender altos valores monetários numa noite única e “romântica”, mas que lhes vai custar os olhos da cara.


Ganham também os cantores que com as suas baladas repetitivas e melancólicas, ao passar na rádio, chegam aos ouvidos dos desencontrados, aqueles que passam este dia sozinhos e acabam por se rever nas letras tristes e enfadonhas que falam de solidão e falta de sorte.


Também as joalharias veem este dia como um ponto alto no ano de vendas, pois é garantido que irão faturar bastante, porque infelizmente está presente na nossa cultura, que joias são sinal de amor, afeição e carinho por alguém, um objeto que muitas vezes é apenas usado uma ou duas vezes num casamento ou batizado, mas que faz com que cada uma se sinta a rainha da noite.


E agora peço um momento de silêncio por todas as flores, peluches e postais que irão passar o dia de S. Valentim nas vitrines, à espera de um romântico incurável que irá ter a audácia de recorrer a um destes clássicos.


Os chocolates, porém, resistiram ao teste do tempo e são sempre uma boa opção, especialmente para quem não comprou nem preparou nada para este dia, basta passar num minimercado ou mercearia e vê o seu problema resolvido.


Termino com um pedido dirigido às meninas, neste dia de S. Valentim não sejam egoístas, a maioria dos homens o único presente que vos vai pedir é que não façam grandes planos, porque joga o Benfica, depois do jogo, já haverá tempo para o romantismo.



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