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Preguiça: pecado mortal ou qualidade ignorada?

Pelo título surge logo uma conclusão associada: “hum, o ‘gajo’ que escreve isto é preguiçoso”. Sou sim, muito. Desde pequeno que “sofro” de preguiça crónica que me acompanhará até ao caixão. Isto se eu não tiver preguiça de morrer, um dia. Mas adiante, como todos os meus artigos têm um background, explico que ontem, estava eu no autocarro para vir de fim-de-semana a casa e pensei sobre o facto de a preguiça ser um pecado mortal segundo as leis do Cristianismo.


Eu pessoalmente discordo, tal como discordo da maioria das coisas que tal doutrina, qual heroína, nos injeta na veia forçadamente desde o nosso nascimento. Ora, recordando, os sete pecados capitais são: avareza, gula, inveja, ira, luxúria, vaidade e preguiça, claro está. Fica para outra ocasião criticar a inclusão de outros termos como pecados capitais. Agora vou defender a minha maior qualidade.


Falando do meu caso, eu sou o típico estudante meio “baldas” que em trabalhos de grupo pede aos colegas para escolherem as respetivas partes de que querem ficar encarregues só para não ter o trabalho de escolher a sua, ficando assim com o que sobra. Depois, a parte do trabalho que me corresponde é tratada nos últimos dias e, normalmente, em apenas 30 minutos. 30 minutos nos quais a PlayStation está já ligada previamente para não ter esse trabalho depois de enviar o trabalho.


Isto, na minha opinião, é facilitismo (termo também muito usado de forma pejorativa, mas que é, claramente, algo positivo). E não devo ir parar ao inferno por saber gerir o meu tempo. Foi por pessoas que pensaram: “calma lá, haverá maneiras muito mais simples de fazer x” que muitas invenções aconteceram. Não acreditam em mim? Vou exemplificar.


Se não houvesse preguiça de nos levantarmos para ir mudar de canal, não se inventaria o controlo remoto. Se não houvesse preguiça de nos deslocarmos a pé, não se inventaria o carro. Se não houvesse preguiça de ir comprar roupa, ir ao cinema, jantar num restaurante e comprar alimentos em quatro estabelecimentos diferentes, não se inventariam centros comerciais. Se não houvesse preguiça de utilizar telefone, máquina fotográfica, computador com internet, calculadora, rádio (etc.) não se inventaria o smartphone. E vocês usam todas as coisas que eu mencionei. Isso faz de vocês preguiçosos.


Então juntem-se na minha luta. “For fuck’s sake”, se o Filipe e o Tiago (fundadores do site) não fossem preguiçosos, teriam criado uma revista em vez de um site, tratando de impressão, patrocínios e coisas assim, o que era uma solução muito menos viável. Se não houvesse gente preguiçosa para criar a partilha de ficheiros na internet, eu tinha de escrever o texto à mão, enviar para o Filipe pelos CTT, ele teria de transcrever no computador dele, possivelmente enviando-me a carta de novo para eu explicar com letra legível o que estava escrito na quinta palavra da oitava linha, já que ele podia não perceber a minha letra. E com esta brincadeira, só daqui a uma semana é que este artigo seria publicado.


Para além de tudo isto, Bill Gates, o homem mais rico do mundo neste preciso momento, disse: “Escolho sempre uma pessoa preguiçosa para fazer um trabalho complicado, já que ela encontrará uma forma simples de fazê-lo”… mentira. Disse isto mas em inglês, mas assim poupei-vos o trabalho de traduzirem. Até porque vocês teriam preguiça de o fazer, não é? Mas pronto. Eu se fosse gestor de uma empresa, seja da Microsoft ou da Folha de Montemor, utilizaria a mesma estratégia. Odeio métodos de trabalho excessivos. Até as pessoas que tiram apontamentos numa aula, depois sublinham o mais importante, depois leem, passam a limpo esses apontamentos, repetem o mesmo processo e leem as mesmas coisas durante uma semana antes do teste/frequência me irritam.


Eu, como estudante universitário sem livros, prefiro inscrever-me no moodle no dia antes do teste, ler um powerpoint ou dois e daí sim, transcrever partes importantes para usar no teste que acaba de ser realizado em 45 minutos ou menos, na maioria das ocasiões. Perdoem-me a gabarolice, mas nós preguiçosos somos mais eficientes.


Assim considero que a preguiça não é um monstro viciante que nos levará para o inferno. Até porque ninguém sabe onde é o inferno, ou se existe mesmo, e eu como preguiçoso, não vou ter muita vontade de o procurar. Deveríamos considerar ter a preguiça em conta como uma qualidade. Mas eu compreendo, a maioria dos pensadores é preguiçoso demais para pensar numa alternativa “out of the box”.



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