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O fenómeno Conan Osíris: O mundo está preparado?

Desde o primeiro momento em que soube que Conan Osíris estaria presente na edição de 2019 do Festival da Canção que percebi que se iria gerar, à semelhança de 2017, um interesse elevado em torno de um festival que parecia excluído há muito da cultura portuguesa.


A 53ª edição do festival tinha tudo para passar despercebida, como de resto passaram as dos anos que antecederam um outro fenómeno, de seu nome Salvador Sobral, isto depois de «O Jardim» ter conseguido em 2018 um lugar isolado no fundo da tabela da Eurovisão. No entanto, eis que surge Conan Osíris, nome apenas conhecido do público português mais alternativo no que toca que ao gosto musical diz respeito.


O artista não é novo, pelo contrário, já que há muito que causa discórdia e que divide opiniões, havendo até quem o compare a António Variações, pela forma disruptiva como ambos surgiram nas suas respetivas épocas.


Músicas como «Adoro Bolos», «Borrego» e «100 Paciência» começaram a surgir em massa nas redes sociais assim que se soube que Osíris ia participar no Festival. Para que se perceba melhor, a música «Telemóveis» já conseguia, ainda antes de apresentada na semifinal, números surpreendentes no Youtube: mais de 1 milhão de visualizações.


Da participação de Conan Osíris no Festival da Canção espera-se tudo menos que seja consensual. Nas mesmas redes onde as músicas do artista têm sido incessantemente partilhadas têm surgido também comentários depreciativos. Convenhamos também que não é um fenómeno fácil de entender, especialmente se desse lado estiver alguém mais conservador ou apenas alguém que ainda vê o Festival da Canção como um festival onde contem apenas o poder da voz e da canção em causa (o que, como sabemos, já não coincide com a realidade, especialmente na Eurovisão).


Nesta primeira semifinal, Conan superou, em número de tweets, o número de tweets referindo o próprio festival, tendo mais do dobro de menções. No Instagram, Facebook e Youtube registam-se exactamente as mesmas repercussões, até porque o fenómeno já é impossível de parar.


A música de Conan Osíris não será, a meu ver, um dos casos em que primeiro se estranha e depois se entranha. Ou se está preparado para um artista tão diferente ou não se está. E caso não se esteja há, obviamente, a possibilidade de nos rendermos, gradualmente, a um artista que certamente não vai mudar e não se vai render.


Uma coisa é certa: nesta primeira semifinal, Conan Osíris alcançou a pontuação máxima do público. E uma coisa me parece certa a mim: Se Conan Osíris nos representar em Israel, o resultado será novamente épico ou uma desilusão total, tudo depende de como o mundo estiver (ou não) preparado para um fenómeno desta natureza.



Fonte: RTP

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