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Os vegans deste mundo

Na minha ótica existem 3 tipos de vegans, que classifiquei como vegans de tipo 1, 2 e 3 respetivamente. Aqueles que o são por uma questão de saúde (1); Aqueles que adoram animais e não são capazes de pensar neles como comida (2); E aqueles que deixaram a proteína animal por preocupação ambiental (3). Penso que estas 3 categorias representam bem o fenómeno do veganismo, pelo menos em Portugal.


Quanto aos vegans de tipo 1, será preciso coragem e muito controlo para conseguir praticar uma alimentação completa, eliminando, ainda que ocasionalmente, um belo bife do lombo, um prato de bom presunto ou umas sardinhas assadas.


Quanto aos vegans de tipo 2, partem de um pressuposto do mundo que no meu entender não é real, é uma ficção inventada por quem não convive com animais no seu estado mais puro. É a geração Disney que não entende que a morte é uma consequência inevitável, bem como uma necessidade absoluta para haver vida seja ela animal ou vegetal. Como diria Jaime Gama, “Matar um animal não é maltrata-lo. Matar um animal é um ato indispensável na vida e na sobrevivência de qualquer ser vivo". Pode ser que, com o avanço da ciência cheguemos a um ponto em que não seja necessária a morte para a nossa sobrevivência enquanto espécie. A natureza no entanto continuará a aplicar os princípios propostos por Darwin e fará da morte o seu mais eficaz mecanismo de seleção dos mais aptos.


Realço ainda que cada vez aparecem mais estudos que indicam que as plantas têm formas de sentir e de reagir muito próprias. Deixarão aí também de comer plantas os nossos amigos Vegans?


Chegamos então ao último grupo, os vegans de tipo 3. Os que deixam a carne por julgarem ser esse o caminho para salvar o nosso planeta.


Ainda ontem lia, no relatório de 2018 da WWF que "Somos a 1ª Geração que tem uma imagem clara do valor da natureza e do nosso impacto nela. E que seremos também a ultima que pode agir no sentido de reverter a tendência a que temos assistido de destruição da natureza".


Isto para dizer que a preocupação com o ambiente tem de ser uma prioridade para qualquer cidadão. Temos todos de fazer bem mais em bem menos tempo. Nesta ótica o veganismo parece ser uma solução interessante.


Chegámos então ao cerne da questão que queria expor neste texto.


Cada vez mais se deixa passar a ideia, a meu ver errada, de que só o fim da produção pecuária pode “salvar” a humanidade. Bem sabemos, no entanto, que a produção pecuária intensiva, é apenas a ponta do ice berg. Sem dúvida que temos de reduzir o nosso consumo de carne e derivados, não sei se para metade como diz o Ministro do Ambiente mas alguma redução terá que haver inevitavelmente.


Na minha ótica a questão errada aqui é que existem outras formas de produção de carne completamente sustentáveis e que desempenham relevantes externalidades positivas para a natureza e para a economia do interior (tantas vezes esquecida).


Em vez de se comprar um bife Angus engordado de forma intensiva podemos optar por um bife de Carne Alentejana, em que temos a garantia de que o animal viveu no campo toda a sua vida. Em vez de comprarmos um broiler de aviário, que foi engordado num pavilhão em 60 dias podemos optar por uma galinha caseira criada com restos vegetais, tão mais saborosas e nutritivas.


Podemos reduzir o consume de carne de vaca e consumir em vez disso cabrito ou borrego, a propósito disto, ainda no outro dia ouvi alguém dizer que "Temos tantos fogos em Portugal porque os Portugueses não comem chanfana". De facto a pastorícia de caprinos e ovinos foi e voltaria a ser um importante mecanismo de controlo das matas e de limpeza dos bosques, reduzindo substancialmente a carga combustível que propicia os enormes fogos que temos assistido. Reparem que já estamos aqui a falar dos efeitos positivos do consumo de carne. Valorizar a produção local e sustentável, apoiar um modo de produzir que respeita os ritmos naturais e estimar as populações que teimam, corajosamente, em viver em Terras de Ninguém. O consumo de carne também é isto. Cada vez mais tem de passar por isto.


Depois o desaparecimento da produção pecuária também teria consequências nefastas para o ambiente. Cada vez mais o uso de estrumes na agricultura substituí ou reduz a necessidade de recorrer aos poluentes adubos minerais. Se deixássemos de ter carne deixaríamos também de ter estrume. Os animais desempenham papéis fundamentais e insubstituíveis no ecossistema agrário e rural. Parece um contrassenso mas o fim do consumo de carne levaria a uma produção de substitutos, como a soja, ainda mais prejudiciais para o ambiente do que já são.


Para mim o veganismo não é, por si só uma solução, podemos e devemos continuar a consumir moderadamente carne com a premissa da sustentabilidade da sua produção. Valorizar o que é nosso, apoiar o interior e eleger os produtos que constituem a dieta mediterrânica típica, este sim, é o caminho a seguir.

Fonte: Pecuária.pt

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